Saturday, February 24, 2007


Queria hoje trocar um pouco da minha juventude por um pouco da velhice, pela sensação de saciedade, de experiência e de perspectiva. Considerando que há alguns anos, cerca de 2 mil, a expectativa de vida era de cerca de 35 anos, hoje apessamos a chegada da juventude e postergamos, quase que indefinidamente, a chegada da velhice (entenda-se velhice aqui como a acepção mais simples possível: o não-novo). Ocorre então que vivemos uma vida entre o crescimento de pêlos e a queda de cabelos, e outra vida após os 40-50, com no mínimo mais 20 anos de existência.
Bom, e quando menos se vive?
Quando criança. E a tendência é de que cada vez menos, graças às melhorias na alimentação, na higiene, na saúde e no acompanhamento pedagógico, viveremos como crianças. E a cultura hoje? Estabelece-se que com uma década de idade, um adulto já pode assumir a presidência de uma grande empresa (sic). Bom, melhor que muitos outros adultos. O fato é que a infância está (com)prometida. EU quero ser criança. E naõ há nada que eu possa fazer.
Bom, eu queria ser velho, agora quero ser criança. Opção: resignar-me à meia-meia-idade. Mas, no íntimo, ninguém quer evoluir, "ninguém quer crescer, todos querem ser alguém", e esse alguém é que está exposto hoje, por lados e mais lados de qualquer perspectiva, chamando a atenção para as vivências tão necessárias para o amadurecimento.

Mais fácil ser a escultura do que o barro bruto.
Mais fácil ser olhos de espectador do que mãos de artíficie.

E sem idolatria, como sobreviver? Como admirar-se com a própria imagem futura (sendo que esta só existe na minha mente)?? Ainda assim serei meu próprio ídolo? E agora Nietzsche?