Friday, April 20, 2007

Então...

Só pra ilustrar:

Mangabeira aceita convite de Lula para assumir nova secretaria

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91425.shtml

A cremação da terceira via no Brasil

Quando Mangabeira Unger disse sim ao convite de Lula, pôs fim ao antigo plano de Ciro Gomes de representar a terceira via no Brasil: assumindo a "Pasta do Futuro", Unger não só representa a total centralização do poder brasileiro em torno da corrupção moral e da cooptação financeira.
A posição assumida por Lula, aqui entre a linha do Equador, é, atualmente, defendida por Bayrou na França, em eleição neste findi.No entanto, a posição defendida por Unger é muito diferente: não é somente uma fusão entre esquerda e direita, significa uma alternativa entre antigo conflitos dialéticos entre as "classes" políticas, tentando gerar uma triangulação do poder que deu equilíbrio nas sociedades do pós-guerra, que foram, neste aspecto, alijadas com a derrocada da experiência soviética. Não espanta que a retomada de ideais socialistas na América Latina tenha sido feita durante esta mesma época de exposição das idéias de Unger, pois naquele momento nada havia além de um vácuo melancólico e uma perplexidade com relação à utopia socialista recém-decepada.
É até uma ironia da metáfora lulista que, com seu estilo de jogo, eledesfez a triangulação entre as "laterais" esquerda e direita: seu governo é um amontoado de volantes (agora, mais precisamente, 34 ministros), com uma comissão técnica (na verdadeira acepção da palavra) fraquíssima e com uma cartolagem disseminada.
Exigir que o país bata um bolão? Nas palavras de Lula, seria como se o governo fizesse um campeonato para arrecadar receita, para, então, formar um bom time. Acontece que o bom time está na Europa. Ou melhor, o bom time está no Brasil mesmo, só que jogando no ataque.
Voltando ao Unger, vai ser de bom grado vê-lo comandando uma pasta no governo: o último filósofo a assumir tal função no governo foi Cristóvam Buarque, a quem admiro muito por suas idéias desenvolvimentistas no campo dos recursos humanos. No meio de uma enchente de proposições que o PAC educacional propòs, nada mal colocar alguém umbilicalmente ligado ao ensino de qualidade, ainda mais com uma distância considerável das agremiações político-partidárias. Professor na Inglaterra, Unger pode trazer conceitos novos ao modus operandi do governo, desde a condução da tal educação até à maior junção entre as políticas econômicas e ambientais.
É ver pra crer. Ou não. Ou (ainda) apostar na terceira via.