Saturday, January 10, 2009

Publico o famoso questionário de Max Fritsch:

1. Tem a certeza que está mesmo interessado, quando você e todos os seus conhecidos já não existem, na preservação da espécie humana?

2. Por quê? Bastam apontamentos.

3. Quantas crianças não chegaram ao mundo por causa da sua vontade?

4. Quem teria preferido nunca encontrar?

5. Está consciente de uma injustiça que cometeu em relação a uma pessoa, que não precisa saber disto, e odeia antes si mesmo ou esta pessoa por isso?

6. Gostaria de ter a memória absoluta?

7. Qual e o nome do político, cuja morte por doença, acidente de viação etc. podia enchê-lo com esperança? Ou acha ninguém insubstituível?

8. Quem, que está morto, gostava de voltar a ver?

9. Quem, pelo contrário, não?

10. Teria preferido pertencer a outra cultura, e a qual?

11. Qual é a idade que gostava de atingir?

12. Se tivesse o poder de ordenar, ordenaria contra a objeção da maioria?

13. Porque não, se lhe parece certo?

14. Quando parou de achar que continua a ficar mais inteligente, ou ainda acha? Mencionar idade.

16. Convence-o a sua auto-crítica?

17. O que acha que lhe traz mal e o que leva mal a si próprio, e se não for a mesma coisa: para que pede perdão antes?

18. Se imagina de passagem que não teria nascido: incomoda-lhe esta idéia?

19. Quando pensa em falecidos: deseja que o falecido lhe fale, ou queria antes dizer ainda qualquer coisa ao falecido?

20. Ama alguém?

21. E de que depreende isso?

22. Suposto que nunca matou uma pessoa: Como explica que nunca se chegou a isso?

23. O que lhe falta para a felicidade?

24. Para que está grato?

25. Preferia estar morto ou viver ainda algum tempo como um animal saudável? E como qual?

Em Max Frisch: Tagebuch 1966-71 (Sketchbook 1966-71)

"Onde não estamos é que estamos bem; já não estamos no passado, e ele nos parece belíssimo." Tchekhov